Arquivos mensais: junho 2017

40. (De São Paulo De Piratininga) Lisboa, a Bela, em 1 Semana

Lisboa se situa à margem direita (Norte) do rio Tejo, bem próxima à foz, no Atlântico. Pode-se chegar à margem esquerda (Sul) pela ponte 25 de Abril ou, o que é mais interessante, tomando-se a barca, que sai do Cais do Sodré e vai até Cacilhas – um passeio pela orla (a pé, é claro) seria interessante e é onde se encontram restaurantes como o Atira-te ao Rio ou o Ponto Final, com boa comida. Agora, Lisboa está com 4 horas a mais que a Hora Oficial do Brasil, é Primavera, o que quer dizer que, pela manhã chega a haver um friozinho, assim como à tarde e durante a noite.

Há Metro, autocarro e táxi (estes são bem baratos – como diz o Paulo, nunca faça a conversão para Reais, pois Euro é Euro e vocês estarão a passeio).

O hotel onde vocês irão ficar, colado à Praça Marquês de Pombal, fica próximo ao Parque Eduardo VII (ou fica no próprio Parque, não sei bem): é lindo percorrê-lo (subir e descer). Da Praça MP para baixo: Avenida da Liberdade: belíssima e dá para percorrê-la toda, até à Praça dos Restauradores e, mais um pouco, a Gare do Rossio, onde se toma o comboio (trem) para Queluz (Palácio onde nasceu e morreu Pedro I do Brasil, IV de Portugal) e/ou Sintra (40 minutos de viagem – sai-se a pé, até ao Palácio Real, que vale a pena visitar. Há, ainda o Palácio da Pena: melhor por fora que por dentro e o Castelo dos Mouros, de onde se tem uma das mais belas vistas do Mundo. Há mais coisas a fazer em Sintra, mas bastará uma bela caminhada. Comida simples, boa e barata: Periquita II, onde se degusta o tal travesseirinho: um doce delicioso de massa folhada e creme).

Do Rossio, vai-se à Praça D. Pedro IV (onde fica a Pastelaria Suíça) e adentra-se a Rua Augusta: um belo calçadão, coalhado de turistas (alto-astral) e onde há a lojinha Pé de Meia, onde se compram meias de todo tipo e a bom preço.

Da Praça, pode-se pegar a Rua do Carmo, onde se localiza a HM e outras lojas de confecções e, no Topo, os Armazéns do Chiado, sendo que, da frente, sai a Rua Garrett (vocês estarão no Chiado, um dos bairros mais famosos e movimentados de Lisboa), frequentada outrora por Fernando Pessoa e outros artistas – nessa rua vocês encontrarão a Livraria mais velha do Mundo, a Bertrand, assim como o café A Brasileira do Chiado, com direito a uma foto junto à estátua em bronze do FP. Na mesma rua, uma das melhores pastelarias (confeitarias) de Lisboa, a Alcoa. Das ruas que cortam a Garrett, há a do Sacramento, que os levará ao Convento do Carmo, quase que totalmente destruído pelo terremoto/maremoto de 1755. Templos católicos são muitos. Subindo a Garrett, há o Largo Luís de Camões e, continuando, a Rua do Loreto, onde se pode comer na Manteigaria, um bom Pastel de Belém e tomar um ótimo café de máquina (porém, o melhor Pastel de Belém é degustado no próprio Belém, com 15% a menos de açúcar e cuja fila enorme para comprá-lo se vence em 3 minutos). Logo ali, na Rua do Loreto, há um cinema de arte, o Cine Ideal, uma graça de sala e com bons filmes. Na Rua da Misericórdia, a Igreja de São Roque, um belo templo católico, com um belíssimo e pequeno Museu de Arte Sacra. Ainda no Chiado: os Museus do Chiado e o Largo de São Carlos, com o importante teatro do mesmo nome (de fins do século XVIII) e o prédio em que nasceu, em 1888, Fernando António Nogueira Pessoa.

Pegado ao Hotel, vocês terão a Rua Duque de Palmela, com um bom restaurante para Jantar, o DUK. Do outro lado, próximo ao Hotel Dom Carlos Park, há um ótimo chinês: almoço buffet – bom e barato.

Do seu Hotel, caminha-se pela Rua Braamcamp e chega-se ao Largo do Rato. Sobe-se uma das ladeiras e se chega numa das praças mais lindas de Lisboa: a das Amoreiras, com Arcos, Capela e a Fundação Arpad Szenes e Vieira da Silva. Próximo dali, fica o Restaurante Águas Livres, com comida boa e barata. Nada posso dizer de vinhos, mas disseram-me que valem o que dizem: que são ótimos e baratos e há muitas lojas onde se pode comprá-los.

Caminhando-se pela Rua Augusta (que sai da Praça D. Pedro IV, que abriga o Teatro Dona Maria II, rainha de Portugal que nasceu no Rio de Janeiro) chega-se à bela e majestosa Praça do Comércio (Terreiro do Paço), que dá para o Tejo! Vejam o Rio bem de perto. Ali, há o Martinho da Arcada, restaurante frequentado por Fernando Pessoa e Turma de modernistas portugueses.

Belém: é, em verdade, um complexo: Jerônimos – o Templo e o Claustro são imperdíveis. A Torre de Belém. O Museu dos Coches: prédios velho e novo (projeto do Escritório Paulo Mendes da Rocha). Caminhada. Centro Cultural do Belém, com a Coleção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea. MAAT (Museu de Arte, Arquitetura, Tecnologia). A pastelaria onde se come o melhor Pastel de Belém, em Lisboa.

Museu Nacional de Arte Antiga: tem o mais belo dos Bosch, Nuno Gonçalves e alguns outros. Expõe bem esculturas. É ótimo para quem ama os objetos.

Museu do Oriente (a caminho do Belém).

Fundação Calouste Gulbenkian: o prédio principal está com uma magnífica exposição de Almada Negreiros, um multiartista do Modernismo lusitano. A Fundação tem muitos e ótimos títulos (livros) à venda e a bom preço. O Museu: vale a pena, pois possui obras que justificam uma visita. Haverá outras mostras na Fundação, cuja visita dependerá da sua disponibilidade de tempo.

Oceanário de Lisboa: magnífico!

Torre do Tombo: talvez valha uma visita.

Museu do Azulejo que, além da azulejaria, possui uma capela magnífica.

Do Chiado, vai-se ao Bairro Alto, com suas ruas estreitas e vida noturna agitada. Possui a Praça do Príncipe Real, a Avenida D. Pedro V e o Miradouro São Pedro de Alcântara, de onde Lisboa fica ainda mais bela.

Sé de Lisboa.

Alfama: um bairro de estrutura medieval e com muitos restaurantes e casas de Fado. Na Rua do Jasmim, há um pequeno restaurante vegano (ótimo): The Food Temple.

Castelo de São Jorge: ligado às origens da cidade. Vale a pena.

Supermercados:

El Corte Inglés (espécie de superloja de departamentos)

Centro de Compras das Amoreiras

Pingo Doce (o mais popular supermercado de Lisboa)

Continente

Jumbo

Há muitos minimercados e quitandas.

Lisboa tem muito mais! Aproveitem!!!

Texto escrito em fins de abril de 2017 para Vilma Maggio e Sigmar, tendo em vista que permaneceriam na cidade por apenas uma semana, no mês de maio.

39. (De São Paulo De Piratininga) Depoimento: 30 de dezembro de 2016

Vi e ouvi, nos anos 1960, durante uma aula, Dona Maud Pires Arruda afirmar que os inventos do Prof. Pardal apenas aguardavam o momento certo para se configurar na Realidade. Do videotexto à Internet, vi e vivi e fui agraciado com a telecomunicação de som-e-imagem, mas sinto-me atropelado pela alta-tecnologia. Vi o nascer do Rock’n’roll, da Bossa Nova, dos Beatles, dos Stones, da Jovem Guarda, da Tropicália, Hendrix e Joplin, descobri a Poesia Concreta, Walter Franco, Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Nina Hagen, Arnaldo Antunes. Assisti à revolução na Moda, principalmente a masculina, que liberou aos varões todas as cores do Mundo. Assisti à investida espacial. Vi Godard, o Cinema Novo, Júlio Bressane. Conheci Tarsila do Amaral, Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, Ronaldo Azeredo, José Lino Grünewald, Edgard Braga, Pedro Xisto, Jorge Luis Borges – vi a alguns metros de minha mesa, Julio Cortázar, num bar, em São Paulo. Apurei meu paladar (ele foi-se apurando). Assisti ao crescimento monumental da cidade de São Paulo, nos últimos 50 anos. Co-editei Artéria, revista de poesia experimental. Amei Dalva de Oliveira e Billie Holiday. Ensinei História para um público de pré-adolescentes e adolescentes, que via como protagonistas de uma Nova Era. Vi que as guerras nunca terão fim (infelizmente) e assisti ao fim de umas e os começos de outras tantas. Assisti à Revolução Sexual (pensamental e prática) e fiquei à deriva, dando, outrossim, asas à imaginação (sesso può essere cosa mentale?). Especializei-me em amores-não-correspondidos, mas aprendi a não ser inconveniente para os objetos-de-meu-desejo. Sempre caminhei a passos lentos, quelônicos, mesmo, mas firmes e, ouvindo conselhos, de graça (como sempre), procurei objetivar minha vida. Vi meninos e meninas, meus coetâneos a mergulhar na cannabis e chás-de-cogumelos + álcool e, mesmo não aderindo à tal aventura, cri em sua utopia, respeitei-a, embora considerando a efemeridade da existência e sabendo que o “tempo urge”. Percebi que Felicidade é vocação: ou se tem ou se não a tem, mas é possível administrar a existência, e que o importante é o estar-bem-no-mundo. Desde 1970, ano em que vim morar em São Paulo, estive 650 vezes em Pirajuí, a São Sebastião do Pouso Alegre. Vi a ascensão do movimento feminista no Brasil: a era das mulheres-cabeça, muito embora muito ainda falte para uma melhoria de facto, mas o empoderamento feminino é algo concreto – sempre estive rodeado de mulheres admiráveis. Tenho assistido à luta dos afrodescendentes, numa sociedade hipócrita, que camufla a discriminação – necessário batalhar. Fiz amizades que me são caras, sendo que algumas já duram mais de meio século. Descobri que viajar é bom e que em todo o mundo se pratica sexo, com fins recreativos e de reprodução. Escolhi a Docência como profissão e lecionei em todos os níveis: do Infantil à Pós-Graduação. Aprendi muito com meus alunos e alunas dos Ensinos Fundamental, Médio e Superior e concluí que não se impõe alto-repertório, mas se o sugere. Perdi muitos entes queridos: pai e mãe, tios-tias, primos-primas, amigos-amigas. Passei por uma cirurgia em grande estilo: foi-me implantada uma Mitral metálica, tendo sido os médicos muito generosos comigo e, desde então, sou meio-biônico. Percebi que, no momento em que nosso paladar mais se aprimora, é o momento de fecharmos a boca e que o segredo da boa saúde é a parcimônia no comer. E notei que estou dobrando o Cabo-da-Boa-Esperança e o meu País, o Brasil, continua a perder o Bonde da História. Meu Deus, até quando? Meninos, meninas: eu vi… XAIPE!

Publicado no Facebook, em 30 de dezembro de 2016.