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LENORA DE BARROS

           

            A poeta  (sim, poeta e não poetisa, como quis para si Cecília Meirelles e por que não? A palavra, masculina, vem do grego poietés, que pertence a uma declinação cujo grupo de palavras é, em sua maioria, do gênero feminino. Por que não tratar poeta - esta é a forma latina - como comum-de-dois? É o que eu e muitos outros têm feito de um tempo para cá. Poeta = fazedor)  Lenora de Barros nasceu em São Paulo (SP) em 1953, e vive atualmente na mesma Paulicéia. Além de uma escolaridade regular, do elementar à graduação em Lingüística e à pós-graduação (que não quis concluir) teve, desde a infância, o privilégio de conviver com artistas e poetas de primeira linha, numa época em que, nesta São Paulo, havia grande efervescência artística (não estará havendo agora toda uma efervescência sendo que nós, cegos para o presente, não percebemos? Todas as épocas são ricas, principalmente depois que passam: o passado é sempre rico, porque, como os sonhos, sobrevive em forma de relato). Isto, dado o fato de ser filha do artista plástico, fotógrafo e designer Geraldo de Barros, um dos pioneiros do Abstracionismo no Brasil - pertenceu ao grupo Ruptura, 1952… - o qual, além de seus colegas artistas plásticos, tinha estreito contato com os poetas Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos e outros.
            Poeta desde cedo, Lenora de Barros valorizou a questão da visualidade em seus trabalhos (não muito numerosos), trabalhos esses em que a fotografia (signo onde predomina a indexicalidade - dada a conexão dinâmica com o objeto - e fortes traços de iconicidade) tem grande relevância. E nisto, há que se lembrar, também, o pioneiro trabalho experimental feito no Brasil, por Geraldo de Barros: FOTOFORMAS, 1948…
            Lenora de Barros publicou, como todos os poetas afins de sua geração (e de outras tantas) seus poemas em revistas (sendo, de algumas, também editora), como: POESIA EM GREVE, QORPO ESTRANHO, CÓDIGO, ZERO À ESQUERDA, ARTÉRIA, bem como, tem participado de inúmeras exposições, dentro e fora do Brasil. Seu primeiro e único livro, até o momento, é de 1983: Onde se Vê, pela Editora Klaxon (mas, em verdade, a própria poeta arcou com as despesas de edição/impressão, integralmente).        
            Alguns vídeos, como o feito por Walter Silveira, de seu poema "Homenagem a George Segal", em 1983, demonstram que certos trabalhos seus prevêem outros meios, sendo o livro/revista, uma simples possibilidade. Grima Grimaldi realizou, recentemente (2001), um vídeo, espécie de antologia da obra de Lenora, o qual foi mostrado em uma sua exposição na Galeria Millan: "O que há de novo, de novo, pussyquete?"          
            De alguns anos para cá, Lenora tem assumido mais o papel de artista plástica, fazendo exposições em que, a um trabalho visual pro-priamente, aparece uma porção fortemente conceitual-duchampiana.
            Seu recente trabalho PROCURO-ME, exposto na parte externa do Centro Cultural Maria Antônia, sofreu agressão de um grupo de grafitadores/pichadores. Porém, a artista acabou por incorporar o feito como parte de toda uma performance, com registros foto-videográficos.
            Lenora de Barros, como sempre, uma mulher belíssima (irmã de Fabiana de Barros, artista plástica residente na Suíça) e que cultiva um lado "fashion", o que torna a mulher notável, notória, onde quer que esteja. A mais bela das paulistanas, como eu costumava dizer. A Tarsila de agora. De uma polidez sem par: Lenora nunca diz não a sugestões, mesmo que não venha a acatá-las. A maior poeta do Brasil de hoje, como eu costumo dizer dela. Uma presença marcante na geração que despontou a partir de meados dos anos 70 do século passado - que congrega, entre outros, Paulo Miranda, Walter Silveira, Tadeu Jungle, Júlio Mendonça, Aldo Fortes. Um nome obrigatório em qualquer antologia da Nova Poesia Brasileira que se preze. Sinto-me um privilegiado por tê-la conhecido, já em 1975 e continuar sendo seu amigo. Um brilho intenso e duradouro no panorama da criação brasileira das últimas décadas. Lenora de Barros. OMAR KHOURI

 

 


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