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(ERRÂNCIAS DE) DÉCIO PIGNATARI

 

                    Se conheci pessoas absolutamente geniais e que tive a sorte de ter uma longa convivência, Décio Pignatari é uma delas. Uma coisa que chega a incomodar em Décio é o excesso... de inteligência. Sim, excesso de inteligência. Em tudo o que diz e/ou escreve: formulações claras e contundentes, sempre. Tudo isto me vem à cabeça a propósito da leitura de seu último livro (terminei de lê-lo ontem, 23 de maio de 2000) Errâncias, publicado pela Editora do SENAC. Belo volume, bem cuidado graficamente, mas sem nenhum arrojo. Textos são escritos a propósito de fotografias curtidas ou tiradas pelo próiprio Décio. Elas seriam o ponto de partida para digressões e para uma escrituração maravilhosa. Décio tem uma escolha lexical e uma articulação do verbal raras. Os textos ficam entre a prosa histórica - à maneira de uma crônica - e a prosa ficcional artística, de uma força não encontrada na atual prosa de ficção brasileira. Tem cara de testamento, em que o autor aborda pessoas - principalmente - que mereceram a sua atenção. E estas acabam sendo bem poucas, pouquíssimas, dentre as milhares com quem Décio conversou mais de meia dúzia de vezes nesses seus mais de setenta anos. Muito embora alguns resenhadores tenham colocado livros outros como antecessores do de Décio, para mim, o livro mais próximo de Errâncias é o Atlas (1984) de Jorge Luis Borges. A prosa de Décio, ali é tão refinada que chega às alturas de um Machado de Assis, assim como sua poesia se aproxima muito da de E. E. Cummings, por serem ambos( Décio e Cummings) os maiores olhos tipográficos deste século.
            Bem, a propósito da obra de Décio Pignatari, veio-me à memória um poemeto que ele  mandou para a revista ARTÉRIA 1 (1975) e nunca mais publicou. Não o assumiu em se POESIA POIS É POESIA PO&TC:

Ai!cai

signos que ficam - faço!
porém, signo dos signos,
não fico - passo.

 

OMAR KHOURI

 


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