apreciações críticas
apresentações
arte e educação
arte etc
cultura popular
comunicação
estética
fotografia
galeria de fotos
glossário
história
historinhas de poetas
humanos seres
livros
manifestos
memória
música
paideuma
pintura
poesia
poesia: aproxime-se
polêmica
registros
revistas de invenção
semiótica
tradução


HUMANOS SERES
nomuque.net

TARSILA DO AMARAL

             

            Não me lembro bem, mas, parece-me, ouvi o nome de Tarsila do Amaral pela primeira vez numa das memoráveis aulas da professora Maud Pires Arrud, nos anos 60.
            O nome incomum e a obra personalíssima me atraíram prontamente. Numa de minhas idas a São Paulo, tive a curiosidade de procurar seu nome na lista telefônica e achei! Dos contatos tefônicos resultaram três visitas ao apartamento da rua Albuquerque Lins, bairro de Higienópolis, nos anos de 68 e 69, das quais participei de duas. Compartilharam desse estranho encontro Paulo Miranda, Pinatti e Arnaldo Caiche.
            Na época, nós jovens, com forte dose de ambição artística não tínhamos uma real medida da grandeza da pintora, mas a admirávamos. Rolou um papo agradável entre aquela velha senhora presa à cama e os jovens curiosos. Ainda se encontrava com ela quadros como o auto-retrato “Manteau Rouge”, “Operários”, um retrato de Oswald de Andrade - seu marido nos anos 20 - e alguns outros que se encontram hoje distribuidos pelos museus brasileiros. Desenhos seus se encontravam sobre uma mesa aguardando montagem para a grande retrospectiva que aconteceu no Rio e em São Paulo nesse final dos sessenta.
            Com o tempo pude saber pelas minhas próprias pesquisas que Tarsila era mais importante para a evolução das formas na arte brasileira, do que o tão falado Cândido Portinari. Há alguma originalidade na leitura que ela fez do Cubismo, no uso da cor. É admirável a economia de meios que notamos em seus desenhos feitos em 1924, por ocasião da viagem feita a Minas.
            É lamentável que a parte realmente importante de sua obra se restrinja aos anos 20, o mesmo podendo ser dito da obra de seu marido mais famoso, o genial Oswald de Andrade. Seu quadro mais famoso - “Abaporu” - acabou indo parar numa coleção argentina e, ironicamente, tem sido mostrado com alguma freqüência em São Paulo.
            Por ocasião do cinqüentenário da Semana de 22, da qual Tarsila não participou, ela foi muito requisitada pela mídia impressa. Era o ano de 1972. Em janeiro de 73 ela veio a falecer, tendo sido enterrada no Cemitério da Consolação, o mais célebre da Paulicéia, onde já se encontravam Mário e Oswald de Andrade; no cemitério contíguo, o dos Protestantes, encontra-se o corpo da pioneira Anita Malfatti. Por ocasião da morte de Tarsila, Dona Maud comentou com estranheza o fato de o caixão da pintora ser branco. Meus recortes de jornal, documentando momentos derradeiros da vida de Tarsila, perdi-os. Valho-me de minha memória e de um ou outro livro, como o que encerra a grande pesquisa feita por Aracy Amaral.
            Sempre que falo de Tarsila, nunca deixo de mencionar sua ambição artística, seu refinamento intelectual e sua grande beleza física presente mesmo depois dos quarenta anos, o que podemos atestar através de fotos. Porém, Tarsila é antes de tido capítulo importante da história do Modernismo brasileiro. OMAR KHOURI

 

 


Os textos presentes neste site estão protegidos por direitos autorais. A utilização é livre desde que devidamente referenciada a fonte.