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HUMANOS SERES
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ERTHOS ALBINO DE SOUZA

            Nasceu em Ubá (MG), em 1932. Poeta e estudioso da Literatura. Editor da revista CÓDIGO que, desde 1974, veicula parte da produção mais experimental da poesia brasileira. Vive em Salvador (BA).
            Assim dizia o verbete que elaborei para uma publicação coletiva sobre poesia visual brasileira, que sairia publicada (1991) na Alemanha, mas que ficou inédita. Pois é, Erthos Albino de Souza, sofrendo há alguns anos do mal de Alzheimer, veio a falecer em julho último e isto eu vim a saber pelo amigo Walter Silveira que soube de outro amigo... Uma das marcas maiores dessa figura singularíssima foi a generosidade: sendo ele mesmo um poeta visual e dos bons, sempre preferiu publicar a obras de outros à sua. Foi, entre nós um pioneiro na poesia que veio a utilizar o computador, quando ainda uma máquina primitiva, mas com a qual - ele que era engenheiro de formação - chegou a fazer peças admiráveis. Porém, a grande façanha de Erthos foi editar a revista CÓDIGO, a qual financiou sempre sozinho e que teria tido mais números se ele tivesse podido contar sempre com alguém que fizesse o projeto gráfico (a falta de alguém que se dispusesse a tal era a sua mais constante reclamação). Mesmo assim, de 1974 a 1990, saíram 12 números de CÓDIGO! Um prodígio em se tratando de revista que acolhia parte da poesia mais experimental que se fazia no Brasil. Conversei algumas vezes com Erthos por telefone (ele residia em Salvador-Bahia); trocamos poucas cartas, bilhetes diria de algumas; cheguei a participar, com um poema gráfico, do nº 10 de CÓDIGO (1985). Esteve em São Paulo no começo dos anos 90 para o lançamento de ARTÉRIA 5, revista da qual fui editor, juntamente com Paulo Miranda. Na ocasião fizemos - inclui-se aí Walter Silveira - uma grande exposição da NOMUQUE EDIÇÕES no MASP, possibilitada pela anuência do então diretor técnico Fábio Magalhães. Erthos, uma finíssima presença, tudo observava. Pouco falava. Chegamos a ir jantar num restaurante chinês da Liberdade. Quando escrevi sobre as revistas em minha tese de doutorado, ainda cheguei a falar com ele por telefone. Quando da distribuição do meu primeiro livro de prosa ficcional, enviei um exemplar a ele. Não tendo tido resposta liguei pra Salvador e ele: "Omar, quem é Omar?" Isto foi em 1995. De lá para cá, poucas notícias. Parece que uma irmã acabou indo cuidar dele, trazendo-o de volta para Minas. Erthos sempre será lembrado como  o editor da CÓDIGO, como colecionador de livros - um verdadeiro bibliófilo - como alguém que dava assessoria sobre assuntos literários - Euclides da Cunha e Pedro Kilkerry, por exemplo - para muita gente: de Walnice Nogueira Galvão a Augusto de Campos. Este último, o grande poeta, em recente conversa comigo disse que guarda muito material produzido por Erthos e que, a partir do próximo ano pretende organizá-lo e editá-lo. Erthos merece ter uma bem cuidada edição de seus belos poemas. OMAR KHOURI

 


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