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POESIA
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RITMO

             

            Fala-se normalmente em ritmo, tanto na Poesia como na Música e RITMO nem é exclusividade dessas duas artes nem da arte, sequer. Acontece que, primordialmente, as mencionadas artes estiveram ligadas: a poesia era feita para ser cantada, entoada, como, às vezes, até hoje. Ritmo, de qualquer modo, é o elemento propriamente essencial ao verso, por sua vez, unidade rítmico-formal do poema. A linha-verso é perpassada de ritmo e este é como que um desenho, que se repete... Ritmo: a palavra é grega, porém de etimologia difícil, mas o que importa é tentar defini-lo (interessante é que compreender, todos nós compreendemos, pois nós o percebemos, sentimos e vivemos). RITMO: é a ocorrência de algo no tempo (e até espaço) a intervalos regulares.
            Diferentemente da poética clássica (grega e romana) onde o ritmo era construído através da disposição  de longas e breves (que formavam na seqüência, pés, que formavam versos), o nosso sistema é silábico, sendo que o ritmo se configura através do jogo de sílabas fortes e fracas. Porém, a terminologia da poética clássica contamina a nossa. Por exemplo: uma breve e uma longa formavam um pé chamado iambo; entre nós, quando jogamos com fraca e forte, fraca e forte, fraca e forte... dizemos que o ritmo é iâmbico.
            Na seqüência, que é o verso - seqüência de extensão variável, diga-se - o jogo de  fortes e fracas faz configurar no poema um desenho, espécie de coluna dorsal do poema. Convencionemos sinais: . para fraca e / para forte. Vejamos exemplos concretos desse jogo:
1. E assim então, amor, tu explodirias: . / . / . / . / . / .
2. Tu choraste em presença da morte? . . / . . / . . / . (G. Dias)
3. Meu canto de morte, . / . . / . (IDEM)
4. Reconheci Homero, o mero mercenário, . . . / . / . / . . . / .
5. A Terra erra pelo espaço afora: . / . / . / . / . / .
6. Os deuses vendem quando dão, . / . / . / . / (F. Pessoa)
            Na seqüência, como que naturalmente, sílabas fracas tornam-se fortes e sílabas fortes tornam-se fracas em função do ritmo, assim como acrescentam-se ou suprimem-se sílabas, através de inúmeros artifícios, em prol do ritmo, pois o metro (a medida utilizada) está a seu serviço. Por outro lado, temos acentos principais e secundários. Por exemplo, n'Os Lusíadas, de Camões, todos os versos são decassílabos heróicos, ou seja, são versos de dez sílabas, sendo que seus acentos principais recaem na sexta e décima sílabas:
                 As armas e os barões assinalados
                 Que, da Ocidental praia Lusitana,
                 Por mares nunca dantes navegados,
            Mas isso tudo vai-se aprendendo à medida que se toma gosto pela poesia. O menos importante é a terminologia ligada à poesia em geral, mas, dominá-la não faz mal a ninguém (um repertório mais amplo não faz pesar a cabeça). Livros sobre o assunto, há muitos. É só consultá-los. Por agora, só resta lembrar que há ritmos agradáveis e não tão agradáveis. Se a linha é perpassada por um ritmo agradável, dizemos: há eurritmia:
                 Busque Amor novas artes, novo engenho,
                 para matar-me, e novas esquivanças;
                 que não pode tirar-me as esperanças,
                 que mal me tirará o que eu não tenho. (Camões)
                   [...]

 

OMAR KHOURI

 

 


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