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POESIA
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RIMA

             

            O fenômeno RIMA pode ser definido como uma identidade sonora entre palavras, ou melhor, partes delas: seus finais. A rima consoante na total correspondência de sons entre palavras, a partir da última vogal tônica, como um sorriso e conciso (sons vocálicos e consonantais). Rima toante é aquela em que a identidade/correspondência diz respeito aos sons vocálicos, sem que as consoantes sejam as mesmas, como em açúcar e fruta: trata-se de uma rima menos perceptível, mais sutil e refinada, a não ser naqueles casos surpreendentes de rimas consoantes, como no poema "Visita à Casa Paterna", de Luís Guimarães Filho, em que quem há-de, rima com saudade"!
            Quando se fala em rima pensa-se geralmente em rimas finais, naquela identidade que ocorre nos finais dos versos, mas as rimas podem acontecer em qualquer lugar do verso, no mesmo verso - meio e fim, por exemplo. Há esquemas de rimas nos poemas. Há poetas que elevaram a utilização desse recurso poético a um máximo grau, como os trovadores provençais (Baixa Idade Média). A rima, porém, além de elemento embelezador e mnemônico, como foi tratado a partir de uma certa época, é como que reiterador do  que de fato é essencial ao verso, que é o RITMO. A RIMA não é elemento essencial ao verso, ao poema, à POESIA, embora seja um recurso poético que exige até muito engenho na aplicação - a POESIA viveria muito bem sem a RIMA, ou muito bem com ela. Os gregos e latinos não a tinham como um recurso do qual viessem a lançar mão. Utilizavam outros recursos sonoros, como a ALITERAÇÃO, por exemplo, que consiste na repetição de sons não só, mas principalmente nos começos das palavras duma seqüência (Leva-lhe o vento a voz que ao vento deita. Camões). Dentro de nossa tradição, que tem a rima como recurso importante, poema sem rimas finais consoantes é chamado de poema em versos brancos.
            Toda aquela classificação das rimas em "pobre", "rica", "rara" etc. pode ser desprezada em prol da rima que informa ou não, da rima que traz consigo um elemento de surpresa, como por exemplo:
                 Verme sonhando o impossível
                 Sapo com ares de símio!
            Rimas adivinháveis são ruins, têm um alto grau de redundância, são KITSCH, como a maior parte que se observa nas letras de música popular.
            Vejamos como trabalhou, em termos rímicos, João Cabral de Melo Neto, nesta peça intitulada AS FRUTAS DE PERNAMBUCO:

 

            Pernambuco, tão masculino,
            Que agrediu tudo, de menino,
           
            É capaz das frutas mais fêmeas
            E da femeeza mais sedenta.
            São ninfomaníacas, quase,
            No dissolver-se, no entregar-se,

            Sem nada guardar-se, de puta.
            Mesmo nas ácidas, o açúcar,

            é tão carnal, grosso, de corpo,
            de corpo para o corpo, o coito,

            que mais na cama que na mesa
            seria cômodo querê-las.
           

 

OMAR KHOURI

 

 


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