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POESIA
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POESIA E PROSA: SUGESTÕES

             

            Paul Valéry, poeta e pensador da linguagem, em um de seus textos estabelece uma distinção entre poesia e prosa, dizendo que a poesia está para a dança assim como a prosa para o caminhar. Depreende-se dai\í que a poesia seja constituída de versos, que são linhas perpassadas de ritmo, entrando este como elemento definidor da linha-verso. A prosa, a narrativa, mais precisamente a narrativa ficcional artística flui, não tendo um ritmo que a acompanhe, a não ser as pausas necessárias, que não chegam a se configurar ritmo, pois se um ritmo é imposto á prosa ela se poetisa e daí teremos uma prosa poética. Da mesma forma temos - e este é um lrgado do século XIX - o poema em prosa. Mas a prosa, que por sinal deriva da poesia épica, que é uma poesia narrativa, poede ser perpassada de uma respiração e aí diria que o narrador tem de fato senso de épos. Na prosa de Jorge Luís Borges, que deve ser lida em espanhol, nota-se essa respiração. Grande narrador o Borges que tive a chance de conhecer pessoalmente em Buenos Aires em janeiro de 1984, ocasião em que além de mais ouvir do que falar, fiz dele algumas fotos que ainda conservo. Alguns de seus contos são obras-primas do narrar universal e estou sempre a lê-los, como leio textos de Machado de Assis e Edgar Allan Poe. A gente lunca lê um bom texto em definitivo. Quando mais avançamos nos anos melhores ficam certos textos, já que sempre nos revelam nocas coisas. Décio Pignatari - um experimentador contumaz - que fez grande poesia, teoria, crítica e narrativa diz ser a poesia paradisíaca e a prosa infernal. Interessante que a poesia pode ser toda maquinada, feita na cabeça, enquanto que a prosa exige, como tocar piano e desenhar, exercício diário. para se ficar bom na prosa, é preciso não apenas ler os grandes textos, mas praticá-la com grande constância, senão não se progride e só se fica bom de prosa com idade já um tanto avançada, coisa que pode até acontecer em poesia, mas não é o que comumente acontece. É mais comum verem-se poetas fazendo grade obra antes dos trinta anos (e depois até). De qualquer modo, não há escolas que formem escritores (já dizia o Décio). Estes deverão aprender lendo e ouvindo e praticando. Só que o prosador, como já disse deverá se ocupar do ofício diariamente, enquanto que o poeta, que trabalha com concisões, ficará buscando mentalmente a forma mais adequada de expressão e quando a coisa sai, geralmente sai pronta. Porém há exceções: poetas que anotam idéias a serem trabalhadas até que se tormem de fato poemas. Ler é bom. E é bom que se leiam coisas fundamentais. Portanto, mais importante que ler muito é ler as coisas certas, daí o papel fundamental da seleção. Ainda bem que há quem faça isto por nós e que nós no futuro possamos fazer pelos outros, elaborando verdadeiras antologias: flores escolhidas, o melhor do melhor.
OMAR KHOURI


   


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