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POESIA
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POESIA: CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A ARTE DA PALAVRA (RUMINANDO IDÉIAS)

             

            A POESIA, considerada como a ARTE DA PALAVRA, por excelência, constitui-se numa das mais altas manifestações da cultura dos povos. Não sem propósito os poetas, representantes dessa arte que não proporciona dividendos, mas propicia até a glória, são colocados em patamares elevadíssimos pelas sociedades de que fazem/fizeram parte.
            Manipulando, lidando, trabalhando com um código que pertence à sociedade como um todo, os poetas conseguem com sua competência (adquirida por meio de um árduo aprendizado, de muita audição, exercício e, conforme o caso, de leitura) e seu talento, transformar em diamantes, os "dizeres" que, constituídos de palavras etc, estão  disponíveis a todos (os donos dos idiomas não são os gramáticos, tampouco os professores de língua vernácula, mas todo pensante e falante - às vezes "escrevente" - de um certo idioma).
            Que estranhas combinações são essas que resultam naquilo a que chamos POEMAS? Como é que se consegue, manipulando um código que, sendo comum a todos os integrantes de uma sociedade, erigir seqüências verbais em verdadeiras jóias, dentro do universo do inútil essencial?
            Os poemas são isto: JÓIAS DOS IDIOMAS  (o que não implica a exclusão de outros códigos como partes integrantes da peça poema / fatura / fazimento / feitura). Como a coisa brota? Em meu trabalho de Mestrado, no primeiro capítulo, procurei delimitar, com base em textos que julguei fundamentais, a questão do poético, o que, penso, satisfez na época. De qualquer modo, considerando desde Aristóteles aos dias atuais, destaquei sete textos fundamentais, apontando alguns outros como sendo complementares; eram eles: a Poética, de Aristóteles (poderia ter começado por Platão, porém, no caso específico de compreensão do fenômeno poético, entraria num segundo momento), "A Filosofia da Composição", de Edgar Allan Poe, "Os caracteres escritos chineses como instrumento para a poesia", de Ernest Fenollosa, ABC da Literatura, de Ezra Pound , "Poesia e Pensamento Abstrato", de Paul Valéry, "Lingüística e Poética", de Roman Jakobson, "Texto e História", de Haroldo de Campos. Hoje, eu acrescentaria, de V. Chklóvski, "A Arte como Procedimento" e, talvez uns dois ou três mais.  
            Roman Jakobson tocou fundo na questão da Poesia, justo num momento em que não fazia mais sentido fazerem-se versos (quando Aristóteles abordou, na Poética, a questão da Tragédia, no século IV aC, também o gênero havia entrado em decadência); Jakobson fala na projeção do eixo paradigmático sobre o sintagmático, determinando, assim, o arranjo, o que podemos compreender perfeitamente, quando temos algo como  ... vestes de seda sonhada / pela alameda alongada / sob o azular do luar ... (Fernando Pessoa).
            Mesmo tratando a palavra como a matéria com a qual trabalha o poeta e encarando a poesia como a arte do verbal por excelência, a mente semiótica de Jakobson apresenta aberturas para outros caminhos dentro do universo da POESIA. Questões de poesia envolvendo outros códigos que não o verbal ainda são polêmicas, mas estiveram e estão presentes em qualquer discussão que se preze, envolvendo a arte de Mallarmé. Disto já tratei nesta coluna e tornarei a tratar, em momento oportuno. Que Poesia é assunto que não se esgota. Por outro lado, certas questões ficam apenas entre os poetas e a Musa!
OMAR KHOURI

 

 


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