apreciações críticas
apresentações
arte e educação
arte etc
cultura popular
comunicação
estética
fotografia
galeria de fotos
glossário
história
historinhas de poetas
humanos seres
livros
manifestos
memória
música
paideuma
pintura
poesia
poesia: aproxime-se
polêmica
registros
revistas de invenção
semiótica
tradução


HUMANOS SERES
nomuque.net

JOSÉ LINO GRÜNEWALD

 

            Com quantas palavras se faz um poema? O que a poesia tem a ver com o espaço em branco - o silêncio - da página? Um poema pode induzir a brincadeiras e jogos? As respostas podem ser obtidas olhando o poema que se segue, de autoria de José Lino Grünewald:

vai        e        vem

e                          e

vem       e        vai

            Este é o mais famoso poema concreto de José Lino Grünewald, de 1959 (primeira publicação em NOIGANDRES 5, de 1962) poema que espanta pelo que nele há de simplicidade, economia e sabedoria. Correu o mundo.
            Morando no Rio de Janeiro - carioca que era Zélino - poucas vezes estive com ele: que eu me lembre duas: uma em 1975, logo depois de lançada a revista ARTÉRIA 1. O encontro foi num bar de Copacabana e ele ficou impressionado com o poema reviravolta de Paulo Miranda que, por sinal possuía uma grande afinidade com o seu "vai e vem", porém o que o outro obrigava em termos de passeio do olho, o de MIranda exigia em termos de manuseio. Em ambos a dimensão lúdica importante. O segundo encontro se deu nos anos 80, em São Paulo, em casa de Augusto de Campos, companheiro e cunhado - ambos nascidos em 1931: Zélino dia 13 e Augusto no dia 14 de fevereiro.
            José Lino, além de importante poeta, foi jornalista, crítico de cinema, tradutor, grande conhecedor de poesia além da tradição de Língua Portuguesa e um expert em música popular brasileira e outras, que conhecia como poucos (principalmente a que foi feita antes da Bossa Nova).
            Faleceu, José Lino Grünewald, em julho deste ano. O corpo não agüentou tanta extravagância e se desincumbiu da alma... É um dos cariocas mais ilustres deste século e isto não é pouco. Gostava das frases de efeito, como que sentia prazer em chocar ouvintes menos avisados. Teve o grande mérito de produzir poesia boa e pouca. Numa época de excessos, teve a coragem de ser parcimonioso e simples. OMAR KHOURI

 

 


Os textos presentes neste site estão protegidos por direitos autorais. A utilização é livre desde que devidamente referenciada a fonte.