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HISTORINHAS DE POETAS
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MALLARMÉ E DEGAS: COM QUANTAS IDÉIAS SE FAZ UM POEMA?

 

            Mallarmé (1842-1898) poeta francês associado ao Simbolismo, tido como poeta hermético, foi daquelas sensibilidades para a poesia, como raros o foram ao longo da tradição ocidental. Já era uma celebridade no meio literário quando publicou seu poema Um lance de dados jamais abolirá o acaso, no ano de 1897, poema fundante, pois que está nas origens das poéticas mais radicais que se desenvolveram no século XX. E, mesmo depois de morto, deixou claro que tinha muito mais coisas a mostrar, para intrigar o mundo. Incompreendido por alunos (foi professor de inglês) mas amado e cultivado por colegas da poesia e doutras artes, assim como por discípulos, Mallarmé viveu numa época de grande efervescência, numa França com grande densidade de gênios, em todos os campos , sendo o próprio Mallarmé, gênio maior entre gênios: Degas, Cézanne, Debussy, Rimbaud, Zola, Rodin, Irmãos Lumière, Monet… Precisaria citar mais alguém? Bem, conta o grande poeta-pensador Paul Valéry que, certa feita o pintor Degas comentou com o amigo Mallarmé que possuía boas idéias, mas que as mesmas acabavam por não resultar poemas. Mallarmé, certeiro,  disparou que poemas não se faziam com idéias, mas com palavras! É óbvio que palavras são entidades prenhes de idéias, mas o que Mallarmé quis dizer - é a interpretação mais plausível - é que para se fazerem poemas é preciso que idéias se corporifiquem em palavras. Que o código de domínio de Degas não era o verbal, mas o gráfico, o das linhas, formas, cores e que ele - Degas - não dizia ter idéias para quadros: ele simplesmente os fazia (e, genialmente, diga-se). Ou seja, Degas não era um poeta, no sentido de que poeta é aquele que, manipulando palavras faz delas obras de arte: os poemas. Degas era um desenhista-pintor, então, que pintasse! OMAR KHOURI

 

 

 



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