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HISTORINHAS DE POETAS
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A MALDIÇÃO DE CASSIANO

 

            Cassiano Ricardo (1895-1974) esteve sempre na rabeira dos acontecimentos poéticos: de 22 ao Concretismo. Nos anos 60 esteve associado à página "Invenção", do CORREIO PAULISTANO e, temporariamente, à revista INVENÇÃO, porta-voz dos Concretistas e chegou a colaborar em seus três primeiros números. Mas a raposa velha - famosa no meio literário, bi-acadêmico, com alguma força junto às autoridades - não tardaria a mostrar o seu verdadeiro lado: conservador com vernizes reformistas: foi rompida a amizade/colaboração entre o ancião e os jovens Décio, Haroldo, Augusto… Nesse fim de romance, durante uma discussão, Cassiano disse : "O arco não pode permanecer o tempo todo teso; uma hora tem de afrouxar" (A maldição: Um dia vocês terão de afrouxar). Ao que detonou Décio Pignatari: "Na geléia geral brasileira alguém tem de fazer o papel de osso e de medula". O contato com os concretistas possibilitou alguns poemas curiosos da Raposa Velha que, no mais, possuía algum talento. Diferentemente, Manuel Bandeira, poeta célebre em fins dos anos 50, compreendeu em parte e fez belas e poucas experiências dentro de um repertório concretista; chegou a defender os então meninos em crônicas, hoje publicadas em volume. Bandeira nunca deixou de ser bandeiriano. A trazida de Cassiano para o seio do grupo concretista foi obra de Décio Pignatari, que apontou o fato como uma grande jogada política de sua autoria. Opinião da qual discordei, sempre que presente em ocasiões em que Décio afirmava isto. Talvez que a presença da Raposa tivesse ajudado na divulgação do movimento. Eu penso que mais atrapalhou. Senão, por que o promotor da façanha teria dado, no velho bardo, a tacapada mortal? Como todos os jovens empenhados em criar-inventando, os concretistas não tolerariam alguém que viesse tentar lhes cortar o barato (entenda-se: ENTUSIASMO). OMAR KHOURI

 

 



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