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EDGAR (ALLAN) POE

 

            Nascido em Boston (EUA), em 19 de janeiro de 1809, esse exato contemporâneo de Chopin - o músico polonês romântico, gênio de composições para piano - Edgar Poe (Edgar Allan Poe) veio a falecer com pouco mais de quarenta anos, em Baltimore, em 07 de outubro de 1849, encerrando um processo vital que acumulou glórias (mais póstumas) e dissabores - menos alegrias que sofrimento.
            Os muito jovens ouvem falar dele como de alguém admirado por algum rock'n'roller que o cita, assim como cita o misterioso Rimbaud, o menino poeta que fez tudo - e esse tudo foi muito - antes de completar 20 anos de idade, embora tenha morrido com trinta e tantos. O papa das comunicações, Marshall McLuhan fala de Poe como sendo o inventor do moderno conto policial e do poema simbolista.
            Há muito de verdade nestas afirmações. Poe foi descoberto, amado, traduzido e cultuado na França, a começar, por Charles Baudelaire - o poeta e comentador de seu tempo, que inaugura a Modernidade - e, daí, por toda uma plêiade que se estende de Mallarmé a Barthes, passando por Verlaine, Rimbaud, Debussy, Lacan e muitos outros. O nosso Machado de Assis, não só leu e amou Poe, como traduziu seu mais célebre poema: O Corvo, também traduzido magistralmente por nosso irmão luso Fernando Pessoa. Porém, o mundo veio a conhecer Poe através da França, ou melhor, do trabalho de tradução e divulgação feito por poetas franceses, do quilate de um Baudelaire e de um Mallarmé.
            Más línguas pensam ser Poe um escritor menos grande do que o que diz a sua fama, chegando a dizer que sua grandeza - suposta - seria invenção dos franceses que gostariam em Poe o que há de francês nele. Falta de sensibilidade seria o que se poderia dizer para essas pessoas, sem precisar ter de ofender. Poe foi um grande escritor, ou melhor: foi um grande narrador (contos sempre escritos em primeira pessoa), poeta e teórico (seu texto "A Filosofia da Composição" é obrigatório para quem estuda Teoria Literária, em especial Poesia).
            Seu inglês, tido como pedante, é carregado de francesismos e de expressões de cunho erudito; o ritmo em sua poesia é um tanto monótono, dizem; na teoria, ele é por demais cerebral!
            Defeitos para uns, qualidades para outros. Acontece que Poe foi (e é) absolutamente genial e, geração após geração, coleciona aficionados de suas arte e manhas.
            É interessante que Edgar Poe, em sua ficção, quando coloca inteligência extraordinária numa personagem, esta é sempre francesa (ou de origem francesa). É o caso de seu detetive (pai de Sherlock Holmes) Auguste Dupin, francês que opera em Paris e que resolve problemas aparentemente insolúveis (veja-se "A Carta Surripiada"). No maravilhoso conto "O Escaravelho de Ouro", a personagem principal decifra uma mensagem criptografada e chega a um fabuloso tesouro: trata-se, o decifrador, de William Legrand, natural da Luisiana (área de colonização francesa incorporada pelos Estados Unidos) e descendente de protestantes calvinistas franceses (huguenotes). O próprio nome Legrand é francês (legrand = le grand = o grande).
            Não se pode saber até que ponto isso tudo influenciou o juízo dos franceses. O que é óbvio é que aquela legião de admiradores não estaria enganda com relação ao valor de Poe. Antes, percebeu a genialidade do criador estadunidense, genialidade da qual também compartilhavam! OMAR KHOURI

 

 


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