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VÍTOR MIZAEL : LIBERDADE E BUSCA DA FORMA

 

Escrever (crítica = discernimento) algo sobre a obra  de um jovem de 22 anos (ele nasceu em São Caetano do Sul, SP, em 1982, sob o signo de Aquário) que começa a se insinuar no meio artístico e que já aparece com força total: eis o meu propósito. Vítor Mizael. O artista passou por um aprendizado com vistas à realização de uma obra. Com ambição artística, diga-se, comprometida com a forma, uma forma que respondesse ao chamamento de uma psiqué de agora. Em verdade, Vítor Mizael já tem a atividade artística - vê-se e é visto como produtor de linguagem -  desde antes dos quinze, dedicando-se a ver, estudar, aprender técnicas, fazer. Fazer arte, elaborar objetos-mensagens - faturas, feituras, fazimentos - portadores de informação estética, adentrando, portanto, o campo do Admirável. Vítor Mizael trabalha com o repertório de seu tempo, internacional, num mundo que se tornou aldeia global, como disse Marshall McLuhan. Está em sintonia com procedimentos que se vêm consagrando nas últimas décadas - uma época "pós-tudo" - como também se empenha na constante pesquisa de materiais, os mais adequados para fazer configurar seu pensamento-arte. Os valores viáveis para si, ele os cultua sem vassalagem e pode-se ler, em seus trabalhos, seus pais artísticos - um artista cria seus precursores, parafraseando Borges, o ficcionista-comentador. Os valores que elegeu para inserir-se na tradição do fazer-arte são portadores de inquietação, a mesma observável no artista Vítor Mizael: de Duchamp a Bispo do Rosário, Bacon, Beuys, Mira Schendel e Leonilson. Vítor Mizael tem aquilo que todo artista deve ter: consciência de linguagem, que é o que o diferencia do mero artesão, que deverá ter a consciência do ofício. Este ir-além: eis a questão. Ultrapassar a excelência técnica e domínio dos materiais. Arte e forma. Os fragmentos autobiográficos de Vítor Mizael (ele chama seus trabalhos de "auto-retratos") não são pura e simplesmente fruto de um ensimesmar-se, mas entram como uma séria reflexão morfo-semântica do próprio ser-humano: o particular que se universaliza. Tecendo variação de Gertrude Stein: auto-retratos de toda-a-humanidade. Vítor Mizael fala para repertórios sofisticados - referências inevitáveis de alguém que possui repertório específico elevado (e isto exigiu e exige empenho a que nem todos estão dispostos) - cria para o mundo, num planeta em que as intercomunicações são uma realidade e uma inevitabilidade. Com materiais da tradição ou aqueles inusuais, seu trabalho pode muito bem estar disponível da REDE. Num tempo, que já não é bem de excelências, Vítor Mizael desdiz o fado. Numa época em que alguns comemoram tardiamente o fim das vanguardas e respiram aliviados e cultuam/cultivam uma tradição revivida, outros - Vítor Mizael entre estes - empenham-se na pesquisa: perseguem a invenção e mostram que a experimentação sempre andou de mãos dadas com a(s) arte(s). Desenho, pintura, objeto, uma forte dose de conceptualismo, a escrita como forma (a conformação gráfica que deixa vazar sentidos): enfim, um feliz encontro de códigos e materiais, eis o trabalho de Vítor Mizael. Vejo em seu trabalho os indícios de uma obra importante, que está a se configurar. Seu trabalho livre-rigoroso anda de par com um comportamento libertário e que respeita as diferenças. Não entra em disputas. Pesquisa e inquietação. Eis o produtor de linguagem. O fazedor. Vítor Mizael adentra o milênio com toda a força necessária para colocar para o mundo uma obra digna de nota. Vítor Mizael apresenta o admirável de que seus trabalhos são o sustentáculo. XAIPE!
Omar Khouri . São Paulo . Agosto de 2004.

 

 


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