É consagrada
e persistente a idéia de POESIA como a ARTE DA PALAVRA, por excelência,
o que não deixa de corresponder à verdade, a uma parte da
verdade, digamos. De fato mesmo, a poesia sempre esteve envolvida com outros
códigos/outras artes, em alianças mais ou menos explícitas.
Com a eclosão dos modernismos e seus desdobramentos, a poesia se
assume como arte intersemiótica, invadindo outros campos, casando-se
com outros universos, rompendo com quaisquer delimitações,
o que, de resto, aconteceu com as outras áreas da criação
artística. POESIA E VISUALIDADE: embora a questão não
seja nada nova e muita água já tenha rolado desde fins do
século passado, provoca discussões acirradas e a reprovação
por parte daqueles que, verbalistas conservadores (fazedores de versos,
livres ou não) pensam ser seu o território e se julgam no
direito de reservar para si o rótulo POETA. (Quem
estaria interessado na disputa?) Discussões infrutíferas à
parte, fazedores (poetas) operam, tomando os códigos da visualidade
(onde se inclui a escrita) como elementos constitutivos estruturais da fatura
(poema). Daí, que a denominação POESIA VISUAL seja
insuficiente, porque essa poesia é mais, nem sequer exclui sonoridades!
Melhor seria chamá-la POESIA INTERSEMIÓTICA INTER/MULTIMÍDIA
DA ERA PÓS-VERSO, pois utiliza vários códigos e meios
e já é concebida para ser veiculada do papel ao CD ROM, passando
pelo vídeo. Essa é a poesia que nos últimos vinte e
cinco anos vem provando que a experimentação é companheira
inseparável do exercício artístico. Retomando a questão
POESIA: é poesia toda forma de organização sígnica
com certo grau de complexidade que, visando a um fim estético, traz
consigo uma carga conceitual, própria do mundo das palavras. É
poesia tudo aquilo que o poeta quer que o seja; pelo simples fato de ele
ser poeta, suas faturas serão poemas. Voltando à questão
POESIA/OLHO: há três formas principais de visualidade na poesia:
1. Aquela evocada pelas palavras (a projeção de uma imagem
na retina da mente - "fanopéia", Pound). 2. A emprestada
ao poema, necessariamente, pelo registro da escrita. 3.
A visualidade que entra como um propósito do fazedor, que explora
os recursos da escrita, do desenho, da cor etc. Ela comparece tanto nos
poemas figurativos como nas verdadeiras fusões de códigos.
E a poesia que aqui se situa não teme as mais avançadas tecnologias;
transita pelos vários meios; poesia aberta às possibilidades-mil
do hoje. POESIA INTERSEMIÓTICA MULTI/INTERMÍDIA: a POESIA
DA ERA PÓS-VERSO.
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